“Não sou daqui.”

Imagine a cena: você está numa cidade onde você tenha ido passear. Precisando encontrar determinado endereço lá, ou, simplesmente, descobrir algo sobre o lugar, você recorre a pedir informações a um sujeito que encontra na rua. Então a resposta inesperada do sujeito à sua pergunta é: “não sou daqui.” Primeiramente você fica decepcionado com a resposta, alguns, mais coléricos, chegam a ficar irritados com o pobre sujeito que não fez nada além de ser sincero. É, você não escolheu a melhor pessoa para perguntar, tinha que procurar em algum estabelecimento do lugar, ou diretamente a central de informações turísticas.

Pois então. A resposta que o inocente sujeito usou é a mesma que usarei. Não, não estou em um lugar desconhecido, aliás ainda moro na minha cidade natal. Entretanto, refiro-me a outras perguntas que possam ser-me feitas no decorrer da vida. Entenda... Quando me perguntarem como consigo sobreviver nesse mundo de injustiças, responderei apenas que não sou daqui. Se me indagarem como sou feliz se as doenças, até incuráveis males, estão a afrontar a toda a vida que há na Terra, responderei apenas que não sou daqui. Se vierem questionar minha paz num mundo onde a violência acumula-se na nossa frente, responderei apenas que não sou daqui. Quando, então, perguntarem como consigo viver feliz responderei, simplesmente, a eles o motivo: não sou daqui!

Em momento algum o nível de satisfação da humanidade esteve tão baixo como na atualidade. As pessoas sofrem e na sua busca por alívio e pela felicidade, tão almejada, elas entram na roda do mundo do consumismo, da moda do “descartável”, do individualismo, e tantos outros caminhos que apenas as levam a mais infelicidade e insatisfação com a vida.

Vejam, esse mundo foi planejado e feito para nós! Tudo foi preparado para a nossa completa felicidade. Mas o pecado entrou e manchou todo o quadro magnífico da criação[1]. Toda a criação, completa e perfeita, foi infectada pelo mal[2]. O mundo passou a conhecer aquilo que não havia sido permitido antes: dor, sofrimento, maldade, doença, inveja, traição, mentira, desonestidade, desilusão e morte. E agora?

Bem, nada estava completamente perdido. O Criador tinha um plano de emergência – Plano de Redenção. Enviou seu próprio Filho[3] à batalha, para vencer o mal e resgatar os seus filhos desse mundo manchado. Então, vitorioso, declarou que seus verdadeiros filhos não pertencem mais a esse mundo. São forasteiros[4] aqui, peregrinos nessa terra. Preparou para estes uma nova terra, uma pátria da qual seus filhos são herdeiros e onde irão viver ao seu lado felizes eternamente.

Parece conto de fadas, não é verdade? Porém não é. Em nossa jornada aqui temos que escolher a pátria em que queremos viver. Assim podemos nos acomodar e contentar-nos nesse lar e com o que ele tem a oferecer e a ele nos apegarmos com amor, ou escolhemos não nos conformar com ele e então vivermos como estrangeiros nessa terra, peregrinando para o lar que nos está preparado desde a fundação do mundo[5].

Daí vem o título da crônica e também o nome do meu blog: Pensamentos de viagem. Pois eu escolhi viver como forasteira e sigo caminhando em direção ao lar que meu Criador me tem preparado. Assim não vivo triste e abatida pelas quedas que surgem no caminho aqui, pelo contrário, prossigo e mais e mais me alegro pois minha alegria está na esperança e no desejo do dia em que chegarei ao meu lar de eterna felicidade. Estou me preparando para esse momento espetacular. Nem a pior tristeza desse mundo pode me tirar a alegria, pois eu não sou daqui, espero o encontro com meu Pai.

Espero aqui repartir com você os fatos, histórias, idéias, sonhos e planos que surgem nessa minha viagem para casa. Desejo compartilhar essa viagem ao seu lado e que possamos mutuamente ajudar-nos nessa caminhada até a chegada ao nosso lar.


[1] Gênesis 1 e 2
[2] Gênesis 3
[3] João 3:16
[4] I Pedro 2:11
[5] Mateus 25:34